Exposições Atuais

RUBENS MATUCK AQUARELA - 11/10 a 25/10/2025
texto: Norval Baitello Junior

Toda escrita é sagrada, porque é carne e corpo e vida e voz e sopro .
As línguas proto-indo-europeias ainda não tinham escrita, mas tinham tudo isto reunido em uma só palavra-sopro: *sker- que significava ‘cortar’. Cortar a pedra, a madeira, o couro, o chão para neles colocar a vida, o corpo, o som, a voz, o próprio sopro, este foi o gesto inicial que se transformou em escrita. *Sker- virou no germânico “schreiben”, em latim “scribere”, mas também originou a palavra “cerne”, o coração das coisas, “carne”, a matéria de toda vida. 
Escrever é, assim, buscar o cerne e a carne. Rubens Matuck, um mestre maior da escrita e das grafias, sabe que suas aquarelas são escrita, seja sobre papel, seja sobre madeira. Elas são voz liquefeita que se deixa absorver pela terra do papel ou pela terra da madeira. Terra como chão mesmo, aquele que recebe a água vinda do céu e a abraça em seu seio. 
A mais primordial aquarela foi aquela que, antes de qualquer vida, recebeu os jorros das furiosas e tempestuosas lágrimas trazidas ao planeta pelos cometas. Absorvidas pela carne da terra, se transformaram em vida florescente no seio do pequeno planeta antes apenas ferroso. Assim o fazem as aquarelas de Matuck, bebem as lágrimas de todos os cometas, transformando-as em escritura ancestral. 
Tanto as escritas encobertas pelo opaco nanquim chinês, quanto os retratos de rostos evanescentes em fugazes pinceladas com sutis pigmentos, como igualmente suas solitárias árvores em meio ao campo e ao céu aberto, todos descortinam uma só grandeza, a do sopro primordial retratado ao longo de quase cinco décadas de aquarelas.
 
Norval Baitello Junior
Arquivo Vilém Flusser São Paulo
CISC-PUCSP

 

PERCURSOS - 04/11 a 18/11/2025
Ana Vio . Angeli Arregui . Clàudia Haddad . Denise Castrucci . Leni Juocys . Luis Arruda . Priscila Mainieri . Suzel

Entre pinceladas leves e saberes compartilhados, floresce o afeto que une técnica, grupo e criação.

Esta exposição é o desdobramento de um ciclo de encontros em torno da aquarela, uma técnica que, por sua natureza fluida e imprevisível, convida à observação, à entrega e à construção paciente do gesto. Mais do que domínio técnico, a aquarela exige presença e sensibilidade: é preciso se deixar conduzir tanto pela água, pigmentos e luzes  quanto pelo tempo do processo. 

Aquilo que chamamos de habilidade nasce do fazer contínuo. Até que a fluência se estabeleça, cada tentativa é um encontro profundo com o próprio processo, com os limites, os desvios e também com o inesperado.

Percursos reúne oito artistas cujas trajetórias se cruzaram em torno do fazer artístico, cada um com suas vivências, suas referencias, seus ritmos e suas inquietações. Cada obra aqui apresentada carrega marcas de experimentação, tentativa, erro, acerto e principalmente, de um desejo genuíno de expressão.

Criar é também um ato de coragem. É se lançar ao novo, testar limites, aceitar o inacabado. Neste espaço de partilha, o aprendizado se dá de forma horizontal e afetiva, onde todos ensinam e aprendem, cada qual a seu modo. Mais do que resultados, o que se celebra aqui é o processo, os caminhos trilhados, os desvios inesperados, os encontros que transformam.

Percursos é, assim, um convite à contemplação de jornadas singulares que se entrelaçam. Um testemunho sensível de que a arte, quando feita em grupo, também se torna espaço de escuta, afeto e crescimento mútuo.

Priscila Mainieri, outubro,2025

 


 

📍 Serviço

📅 Abertura: 04 de novembro de 2025 (terça-feira)
🕕 Horário: das 18h às 22h
🖼️ Visitação: até 18 de novembro
🕒 Horários:
  segunda a sexta – 14h às 19h
  sábado – 10h às 14h
📌 Local: Ateliê Galeria Priscila Mainieri
📍 Rua Isabel de Castela, 274 – Vila Madalena, São Paulo – SP
✉️ E-mail: 
contato@ateliepriscilamainieri.com.br
📱 WhatsApp: (11) 99609-3230